Mar 12
O setor agropecuário reúne mulheres que carregam a tradição familiar e protagonizam histórias de sucesso no campo. Casos como o de Fernanda Costabeber, da Fazenda Pulquéria, localizada em São Sepé, região central do Rio Grande do Sul.
Fernanda é a terceira geração em atividade na fazenda, que está na família há quase 50 anos. Ao longo das cinco décadas, a família trabalhou com diversas culturas, mas encontrou a vocação na pecuária. “Atualmente, fazemos recria e terminação de machos para mercados consumidores altamente exigentes, produzindo animais com certificação Angus Gold. Na Pulquéria, todos os animais estão livres, em seu habitat natural, comendo ração balanceada ad libitum em comedores de autoconsumo”, conta.
A presença no universo agropecuário está nas lembranças mais antigas de Fernanda. Segundo ela, a permanência no setor foi resultado natural da inspiração e da admiração pelo trabalho realizado pela família. “A fazenda sempre foi a vida da minha família, de onde saia o nosso sustendo e onde amávamos estar. Seguir trabalhando no agro foi uma consequência desse exemplo de vida que veio do meu pai e passou para mim”, reflete.
Todos os dias, a produtora cultiva a paixão pelas atividades que desempenha no setor. Ela atribui o gosto pelo campo à sua ligação com a natureza e ressalta o quão gratificante é o processo, mesmo em meio às dificuldades. “Estamos sempre vendo a vida acontecendo na frente dos nossos olhos e vendo o quão bela ela é. Claro que a cadeia do agro enfrenta muitos obstáculos, e o principal dele é a falta de informação, mas nosso papel é contornar isso e fazer a comunicação correta do campo para a cidade”.
Para Fernanda, as questões de gênero representam um fator secundário em relação aos desafios que se apresentam na profissão. “Acho que são muito relativos. Como jovem, vejo que o desafio é maior pela falta de experiência do que propriamente por ser mulher”, explica.
Ela comenta que o momento atual traz boas perspectivas para as mulheres do agronegócio. “Claro que vivemos em um meio ainda predominantemente masculino, mas vejo estamos vivendo uma virada muito rápida no setor com a grande entrada de mulheres tocando os negócios rurais, e a sociedade já está se adaptando a isso”, afirma.
Aos olhos de Fernanda, a ausência de mulheres no contexto histórico do setor pode ter contribuído para o enfraquecimento de aspectos essenciais, mas o agro contemporâneo apresenta uma nova realidade. “Talvez tenha deixado de lado forças essenciais femininas, como a sensibilidade, a delicadeza, a beleza no olhar e o cuidado com o próximo, mas fico muito feliz vendo o aumento expressivo de mulheres no setor e a consequente revolução que estamos vivendo, com um equilíbrio incrível entre a forças masculinas e femininas”, comemora.
Qualidade superior
De maneira indireta, a ABS contribui nos processos de recria e terminação da Fazenda Pulquéria. De acordo com Fernanda, o início dos processos de certificação Angus Gold na propriedade exigiu a seleção de parceiros que investiam em genética de alta qualidade, como a da ABS, para que tivessem animais aptos ao programa, puros da raça Angus, com grande probabilidade de deposição de marmoreio. “Desta maneira, estamos criando elos com criadores que investem nesse tipo de genética, para podermos dar perpetuidade a essa certificação”, conclui.